segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

o corvo

Onshore? Água fria? Correntes? Quatro metros? De noite? A fechar?
Venha de lá isso tudo!
Fim de tarde. O sol a pôr-se. Aquele típico frio costeiro de serrar no osso.
Ei-lo.
Só.
Boiando nas águas turbulentas, o raio do corvo. O do costume. Teimando com a noite, que há-de cair primeiro do que ele.
Depois de piscarem as primeiras estrelas, vê-se-lhe o vulto, trepando pela duna. Sobressaem-lhe das mandíbulas os dentes brancos quando me vê, no bar vizinho, onde vem poisar, de fato ainda por despir, para um Bom Bocado, que já o esperava, havia horas, no expositor de bolos.
- A fome é negra! Pede um de cada! – digo-lhe eu, tentando-o, enquanto mira o tabuleiro duma ponta à outra.
- Depois não janto! Chega um! Dê-me aquele – solta de pronto, sorrindo sempre, enviando salpicos, na brincadeira, à rapariga do balcão.
Lá o sigo até ao carro, para dois dedos de conversa, enquanto se veste e pica no bolo.
- Vou tirar-te uma fotografia para o Cantinho da Onda!
Bem disposto, destapa de novo a dentadura.
FLASH.
Falo-lhe do blog.
Conversa puxa conversa e dou com ele a malhar no livro do João Moraes Rocha sobre as origens do Surf em Portugal.
- Há gajos que não estão lá! Que foram pioneiros e ainda hoje surfam. Há outros que são mencionados no livro e tiveram apenas uma passagem efémera pelo surf. Uma coisa é certa: quem começou o surf em Peniche, e em Portugal, foram os “bifes”.
Fala-me, depois, de quando iniciou o namoro com as pranchas, há uns bons vinte e cinco anos; da Lipstick que ainda hoje conserva (aposto que, às vezes, ainda lhe dá beijinhos).
‘Tás por aí, Corvo?
Bem vindo ao Cantinho da Onda!

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