segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

mulheres...

Não percebo...
Ultimamente, sempre que me dirijo à minha Mimi com aquele sorriso e lhe digo "Então, Mimi, vamos lá? ^^", ela responde: "Ai, hoje não, Raquel, dói-me a cabeça..". Ao início ainda tolerava, mas uma mulher também não é de ferro, caramba! O que devo fazer?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

quem és tu, afinal?

- ´Tá quieto, Areias, deixa-me vestir o fato!
- Não, não vás, por favor, não vás para o mar! Não quero ficar aqui soziiiiiiiinho, tenho meeeeeeedo!
- Deixa-te disso, Areias, Ninguém te faz mal! Ficas ali sentadinho nas dunas e vais mastigando uns chorões, que eu não demoro mais do que 3 horas!
- Desde que viemos para a Península Ibérica, nunca mais tiveste tempo para mim! Essa é que é essa!
- Não sejas melodramático, Areias! É só um bocadinho. Depois, vamos até ao Cabo Carvoeiro comer uns tremocitos e beber um chá de hortelã.
- Que exótico!...
- Tens de te adaptar, Areias. Eu também tive de fazer o mesmo!...
- Adaptar-me, não é?!... Andar com o pelo escovadinho e dormir numa varanda de dois metros quadrados sobre almofadinhas de seda! PA-NE-LEI-RI-CES! Lembras-te de quando cruzávamos sem temor o deserto do Saara e todos os beduínos te respeitavam por seres ousado e possuíres o melhor camelo do Magrebe? Eu era feliz com a minha pelagem cheia de catotas e admirava os teus lábios gretados! Agora, trocas-me por essa cavalgadura de resina e deixas-me plantado nas dunas a comer chorões! Não tens coração nem sentimento de pertença! Não te reconheço! Quem és tu, afinal?
- Escuta, Areias, eu não queria passar o resto da vida a alimentar-me de cobras do deserto e a espremer cactos para matar a sede. Vê se entendes isso!
- Então, decidiste europeizar-te! Vendeste a alma ao diabo, Hassan Mohammad!
- Não exageres, Areias! Ainda sou um muçulmano sunita!
- Tretas, Mohammad, tretas!
- Não me ofendas, Areias! Sabes que falo a verdade!
- Claro, claro... Toda a gente dá conta disso... nos teus cabelos berberes e nos tapetes que vais vendendo...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

second thoughts

Dá realmente que pensar: duas vezes.
Second thoughts: 3 malucos numa ilha deserta na indonésia durante 3 semanas, acampados na selva, altas ondas e tubos daqueles que dão para ir á cozinha buscar bolachas e ainda voltamos a tempo de ver o gajo sair... ah, para não falar da banda sonora animal!
Para alegrar as vossas tardes chuvosas (porque as minhas sessões de estudo foram de certeza melhoradas), longe do nosso cantinho
Beijinhos, PEK

grannis

A iconografia vintage do surf produz em mim um interminável deleite visual.
A imagem que acompanha este texto tem a assinatura do mítico Leroy Grannis, fotógrafo americano que soma actualmente 92 anos de idade e deixou de surfar já depois dos 80 (!).
Uma das características da obra de Grannis é conseguir captar com muita arte e engenho esta estranha forma de vida, que é, sem dúvida, muito mais que um desporto.
No caso vertente, enquanto as ondas de 1964 parecem empurrar preguiçosamente as single fin de então, saltam à vista as belíssimas viaturas que frequentavam, à época, a faixa costeira da Califórnia e que Leroy, então com metade da idade que tem hoje e pulmão de sobra para subir à duna de San Onofre, fixou na objectiva da sua máquina de parar o tempo.
Ali ficaram, estacionadas para sempre perante o nosso olhar curioso, resgatadas da morte e do esquecimento, mesmo que o ciclo da indústria transformadora já as tenha possivelmente convertido em parafusos ou quaisquer outras quinquilharias do mercado global.
A arte é assim.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

momentos


Fotografia da minha amiga Ana Knapic

popcorn days

Quando não há surf ao domingo, faz-se outras coisas. Cinema, por exemplo. O “Alvin e os Esquilos” estavam à minha espera numa sala do Centro Colombo. Apesar de ter chegado com meia hora de antecedência, isso não evitou que desse de caras com um autêntico exército em redor das bilheteiras. Ou melhor, supermercado de tiquês. É que, também no nosso país, impecavelmente importador de padrões, a indústria do cinema e a do milho parecem ter contraído matrimónio e serem muito felizes, de há uns tempos para cá.
Como se não bastasse a porcaria do cheiro a fritos americanos, à mistura com o perfume enjoativo das adolescentes e a perspectiva de passar o filme inteiro a dar-me conta do que se passa dentro das bocas dos outros, ainda recebo, mascarado de bilhete (até gostava de os coleccionar antes do mundo global), a porcaria dum talão que não difere em nada daqueles que costumam dispensar-me no talho ou na charcutaria.
Meia hora depois de ter esperado impacientemente a minha vez, numa das quinhentas filas que desembocam num mar de caixas que faz lembrar o Continente, dou comigo a ouvir:
- Para esse filme só há bilhetes para a fila A.
F#&@-$€, pensei. Este gajo faz-me perder meia hora em pé, enquanto abandona insistentemente a porcaria da caixa para ir encher a porcaria dos baldes com a porcaria das pipocas e agora ainda quer que eu mastigue a porcaria do filme em cima do ecrã!
- Olhe, e chouriços vende? – perguntei-lhe.
Ficou a olhar, enquanto me afastei, decididamente, a espezinhar a porcaria das pipocas que o miúdo do lado tinha deixado cair para o chão. O meu, coitado, veio-se embora a chorar pelo Alvin, apesar de não o conhecer de lado nenhum. Apeteceu-me, confesso, os domingos singelos de antigamente, a ver em casa os filmes da Heidi a preto-e-branco e a comer torradas ou salada de frutas.

Foto: Sodahaed.com