segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

popcorn days

Quando não há surf ao domingo, faz-se outras coisas. Cinema, por exemplo. O “Alvin e os Esquilos” estavam à minha espera numa sala do Centro Colombo. Apesar de ter chegado com meia hora de antecedência, isso não evitou que desse de caras com um autêntico exército em redor das bilheteiras. Ou melhor, supermercado de tiquês. É que, também no nosso país, impecavelmente importador de padrões, a indústria do cinema e a do milho parecem ter contraído matrimónio e serem muito felizes, de há uns tempos para cá.
Como se não bastasse a porcaria do cheiro a fritos americanos, à mistura com o perfume enjoativo das adolescentes e a perspectiva de passar o filme inteiro a dar-me conta do que se passa dentro das bocas dos outros, ainda recebo, mascarado de bilhete (até gostava de os coleccionar antes do mundo global), a porcaria dum talão que não difere em nada daqueles que costumam dispensar-me no talho ou na charcutaria.
Meia hora depois de ter esperado impacientemente a minha vez, numa das quinhentas filas que desembocam num mar de caixas que faz lembrar o Continente, dou comigo a ouvir:
- Para esse filme só há bilhetes para a fila A.
F#&@-$€, pensei. Este gajo faz-me perder meia hora em pé, enquanto abandona insistentemente a porcaria da caixa para ir encher a porcaria dos baldes com a porcaria das pipocas e agora ainda quer que eu mastigue a porcaria do filme em cima do ecrã!
- Olhe, e chouriços vende? – perguntei-lhe.
Ficou a olhar, enquanto me afastei, decididamente, a espezinhar a porcaria das pipocas que o miúdo do lado tinha deixado cair para o chão. O meu, coitado, veio-se embora a chorar pelo Alvin, apesar de não o conhecer de lado nenhum. Apeteceu-me, confesso, os domingos singelos de antigamente, a ver em casa os filmes da Heidi a preto-e-branco e a comer torradas ou salada de frutas.

Foto: Sodahaed.com

1 comentário:

Sérgio "Isca" Ramalho disse...

É por isso que não vou ao cinema...rsrsrs