segunda-feira, 24 de maio de 2010

apanhados

- Nunca mais como feijoada! Estamos fartos de caminhar e ainda me pesa o estômago!
- Realmente, não foi boa ideia irmos almoçar ao “Febras”! Logo hoje, que estão altas ondas!
- PRRRRR!...
- Dá-lhe!
- Dezoito-dezassete, ganho eu!
- PRRRRRRRRR! Dezoito igual! Acaba aos 20!
- O peido é o sal da vida!
- Não exageres! O surf é que é!
- Olha que não! O surf, por exemplo, afasta-te das mulheres.
- Como assim?
- Porque é que pensas que gajos como tu e eu permanecem solteiros? Conheces alguma mulher que goste de ser suplente duma prancha?
- E em que é que o peido é melhor que o surf?
- O peido une o que o surf afasta. Segundo um sexólogo polaco muito conhecido, a partir do momento em que uma mulher te consente um peidinho debaixo dos lençóis, é tua para o resto da vida!
- Engraçado, nunca tinha pensado nisso! De qualquer modo, acho que peidar-me à frente duma mulher não é a minha onda!
- Ora aí está a segunda razão pela qual te encontras solteiro!... PRRRRR! Dezanove – dezoito!
- Não há dúvida: és o verdadeiro José Mourinho do peido!
- Obrigado, amigo. Por falar nisso, sabes que o Mourinho também foi surfista?
- A sério?!
- Quer dizer, fazia windsurf no rio Sado, no final dos anos ‘70.
- Como é que sabes?
- Li, em tempos, uma entrevista dele em que falou da sua juventude em Setúbal e referiu que um primo que morava no Guincho lhe tinha pegado o vício do windsurf durante umas férias.
- ‘Tá boa, essa eu não sabia. Então, e depois? deixou o windsurf?
- Diz que, um dia, depois de comer uma feijoada, foi para o Sado surfar e sentiu-se mal. Teve uma congestão e borrou-se todo. Diz que foi a única vez na vida em que se borrou todo! Windsurf nunca mais!
- Quem diria, o “Special One” todo borrado! Terá sido daí que lhe veio a cagança?
- Com a digestão não se brinca, amigo!
- ... Especialmente, depois de uma feijoada! Podes dar o peido mestre!...
- Ah, pois dou! PRRRRR! Vinte-dezoito! Ganhei!!!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

vá lá, sem desculpas...


Olá Amigo,
Vamos juntar 2000 sócios para o SOS Salvem o Surf ser uma ONGA!
Por favor assina e divulga a petition online por todos os possíveis interessados,
http://www.petitiononline.com/SOS2000s/petition.html
O surf tem vindo a ser ignorado na maioria das obras costeiras portuguesas, levando à perda de cerca de uma onda de qualidade mundial por ano. Já perdemos 10 ondas de qualidade mundial, o que já lesa o potencial de desenvolvimento económico de Portugal em cerca de mil milhões de euros por ano.
O SOS Salvem o Surf http://www.salvemosurf.org/ nasceu de um movimento cívico, não radical e de grande qualidade técnica, com o fim de proteger, preservar e estudar o surf, potenciando assim o desenvolvimento sustentável de Portugal. O SOS Salvem o Surf respeita todas as comunidades de surfistas e apoia com igualdade todos os desportos de ondas, fiel à raiz da palavra “surf”, que significa rebentação das ondas. O SOS Salvem o Surf aceita todos os amigos do surf e todo o apoio, incluindo donativos e voluntariado que estes lhe queiram oferecer.
Ajuda o SOS Salvem o Surf a ser uma ONGA para este:
- aceder aos Estudos de Impacte Ambiental das obras costeiras,
- participar na legislação ambiental costeira,
- solicitar análises sobre a qualidade ambiental,
- assistir processos de crime ambiental,
- receber mecenato, apoio estatal e tempo de antena.
Aloha, obrigado,
o SOS Salvem o Surf

quinta-feira, 13 de maio de 2010

um caso humano 2

Quinta-feira da Ascensão, feriado municipal aqui na terrinha e em muitos outros locais, dia que poderia ser passado em Fátima, já que, este ano, coincidiu com o 13 de Maio e com a vinda do Papa ao nosso país.
Os mais crentes que me perdoem, mas o Santuário da foto não rivaliza com o de Fátima?... Sim, troquei um pelo outro. Não fariam o mesmo, ainda que as ondas não estivessem grande coisa?
Talvez, ao ver esta foto, o Papa não nos condene...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

um caso humano

- Em nome do Cantinho da Onda e da Confraria da Liberdade de Credos, vimos humildemente oferecer a Vossa Santidade esta camisola com a estampa do nosso lema hedonista!
- Muito obrigado, meus filhos! Mas vede: a religião católica é a única que salva!
- Não cremos, Santo Padre. Ainda no Verão passado salvámos da morte por afogamento uma mão cheia de banhistas!
- Muito bem, rapazes. Mas vede: isso só aconteceu porque o Senhor estava convosco.
- Lá isso é verdade, Eminência! O senhor Valente estava connosco e ajudou-nos a evacuar os acidentados no tractor de limpar as praias. Se não fosse o senhor Valente, tinham todos batido a bota! Essa é que é essa!
- Um milagre, meus filhos! É o que se chama a isso!
- Milagre?! Queira perdoar-nos, Santo Padre, mas milagre é o Benfica ter sido campeão; milagre é Vossa Santidade estar entre nós e o governo ter concedido uma tolerância de ponto, permitindo que o mar salgado nos abençoe durante o horário de expediente!
- Isso quer dizer que não ides a Fátima?
- Não nos condene, senhor Padre, mas preferimos o santuário do Baleal.
- Onde fica isso?
- Ao pé de Peniche. Não conhece, pois não?
- Já ouvi falar.
- A sério?! Deixe-se de brincadeiras, Santo Padre.
- Não estou a brincar, meus filhos. Um dia, escutei casualmente a conversa telefónica de uma universitária portuguesa, do curso de Engenharia do Ambiente, que se encontrava em Roma a estudar os problemas de canalização da Capela Sistina.
- E então?...
- E, então, ela confessava emotivamente as suas saudades de Portugal e dos amigos de Peniche. Um caso humano que me tocou profundamente o coração.
- Caramba, Vossa Eminência só pode estar a falar da Pek, precisamente essa moça que está aí de camisola verde!
- Virgem Santíssima, é ela mesmo! Pek, você conseguiu voltar para Portugal?
- Olá, senhor Ratzinger. Eu sei que foi Vossa Santidade quem patrocinou o meu repatriamento. Estou-lhe muito, muito grata, pois naquela altura eu estava sem um único cêntimo. Quero, por isso, expressar-lhe o sentimento de honra que me invade presentemente, por saber que o meu governo financiou com o dinheiro de todos os contribuintes a sua visita ao nosso país. Agora, falando de assuntos mais sérios: como se encontra a canalização da Capela?
- Está bem melhor, Pek. Sobretudo, desde que o cardeal Winowsky seguiu o seu conselho e deixou de deitar para a sanita os folhetos do Lidl e as cotonetes.

terça-feira, 11 de maio de 2010

seis milhões e a feijoada de chocos

Este é o glorioso plantel do Grupo Desportivo de Peniche, fotografado, há cerca de 36 anos, no já extinto Campo do Baluarte, junto à muralha da China. Perdão, de Peniche de Cima.
Reconhecem, na foto, o terceiro jogador, em baixo, a contar da direita? Pois, vê-se mal, mas posso revelar-vos que se trata, tão somente, do deus que levou ao rubro no último domingo mais de seis milhões de portugueses!
Jorge Jesus, na altura com os seus 20 anitos, ainda sem cabelos brancos para pintar, tinha acabado de deixar o Sporting, onde aprendera a fazer omeletes, e encetava assim uma carreira de futebolista que o levaria a passar por uma autêntica caldeirada de clubes(doze!) até arrumar as botas, ao serviço do categórico Almancilense, já na segunda metade dos anos ‘80.
É preciso lembrar que, na época 1973/74, o Peniche era um clube com aspirações primodivisionárias, o que ficou demonstrado com um brilhante terceiro lugar na então II Divisão Nacional, feito apenas suplantado dois anos antes, com a obtenção de um segundo posto e respectiva disputa da liguilha de acesso à I Divisão, que só não alcançou por uma unha negra.
Quanto a Jesus, debandaria, pouco depois da Revolução dos Cravos, rumo ao Algarve, para representar o Olhanense, seguindo-se a já referida romaria pelo território nacional. Supõe-se, no entanto, que se houve terra que cativou o actual treinador do Benfica e messias de Portugal, foi a península do Oeste, onde muito recentemente comprou uma casa para vir de vez em quando comer com os amigos a sua feijoada de chocos.
Caso não acreditem, perguntem à Zezinha (que é colega do filho dele e correspondente da “Caras”), ou ao Alberto Carvalho, que ainda guarda lá em casa um chaço amarelo dos anos '70, grosso como um tronco, onde ele e o Jesus desciam umas no Baleal depois da feijoada de chocos.
Sem hesitarem duas vezes!...

terça-feira, 4 de maio de 2010

um feliz acaso

Durante uma breve incursão pelo Molhe Leste, no último domingo, tive o privilégio de me cruzar com uma prima do Fernão Capelo, que se encontrava de vigia no pontão, com os olhos voltados para a doca-pesca, talvez a pensar romanticamente numa sardinha ou numa anchova.
Aproximei-me em passos curtos com a “arma” em punho como fazem os caçadores. Quando pressenti que os olhos dela me diziam “se dás mais um passo, dou de frosques”, pousei no chão levemente um joelho, como aprendi na tropa para disparar a G-3, e zás, enterrei o dedo no obturador. A parte melhor foi quando a bicha decidiu, num ápice, mudar de ares e me obrigou a manejar a câmera aos ésses, em busca dum enquadramento que, por sorte, sucedeu uma vez em dez disparos continuados. Como não sou fotógrafo, fiquei todo contente, pois percebi que fotografar uma gaivota em voo, com uma tele-objectiva, é como tentar caçar uma pulga com luvas de boxe.
Ao ver a imagem, lembrei-me do clássico do Richard Bach, que li, por feliz acaso, para aí há umas duas décadas, durante um fim-de-semana em que pernoitei fortuitamente num quarto onde se encontrava esse livro. “Fernão Capelo Gaivota” parecia estar lá de propósito, e, à semelhança de “O Velho e o Mar”, de Hemingway, constituiu para mim uma bela e inesquecível lição de vida.
Em 1973, três anos após o lançamento da obra, o realizador de cinema Hall Bartlett levà-la-ia à tela, com banda sonora do inconfundível Neil Diamond. O tema “Be”, que vos proponho escutarem, tem a minha dedicatória para todas as gaivotas que levam, como Fernão, perdidamente a peito a paixão de voar.