quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

cantinho do baú - o disco perdido

Gosto de ir à Feira da Ladra. Gosto de cacos. Tenho alguns em casa: uma máquina de escrever Underwood, do tempo da guerra, por que paguei, há uns anos, meros tostões; uma primeira edição da História de Gil Braz de Santillana, traduzida por Bocage, de 1797, que me custou cem paus; um Dom Quixote pintado a aguarela, dos anos sessenta, assinado por um espanhol de muito bom traço, por que dei apenas alguns trocados; e mais umas coisitas com ar de museu.
Como não podia deixar de ser, discos também. De vinil, claro. Embora me cheire que os CDs não hão-de demorar muito tempo a entrar para o clube do mofo.
Uma coisa é certa: quando chegar a altura de fazer a cova ao mp3, não vamos poder honrá-lo com olhos de ver. Na estante da sala ou na vitrina do museu, por exemplo.
Morreu a cultura visual do disco.
Só nos resta ouvir.
Ou, então, rumar à Feira da Ladra, onde sempre podemos dar de caras com um belo exemplar do tempo das trevas. Como o da capa reproduzida acima, que chegou a passar-me pelas mãos, numa ida à Feira, há uns anos atrás, e que só por estúpida teimosia não mora hoje na estante lá de casa.
Meia dúzia de trocos de que não abri mão, quando tentei negociar com o “dealear” um preço mais baixo.
Teimei com ele, tipo cigano.
E ele népia.
Teso que nem uma vara.
Mais cão que eu.
Deixei que o tempo votasse a história ao esquecimento, até à data em que um fenómeno chamado motor de busca ma devolveu à memória. Digam lá que o raio do disco não morava bem lá em casa?
Ah, já me esquecia! Querem saber o que faz, desnudo, o Jack Johnson ali estampado no meio dos avôs, não é?
Também achei estranho. Talvez em busca dum fato à medida. É que ele surfa e toca guitarra: o verdadeiro artista de praia...

1 comentário:

Sérgio "Isca" Ramalho disse...

Deixa lapode ser ke um dia kuando menos esperes o gajo esteja la com o mesmo disco, alguém disse "há mais marés ke marinheiros"