F.Pessoa
A essência do mar sempre nos correu nas veias. Desde o início, desde o primeiro mergulhar alaranjado do sol a que assistimos, desde a primeira vez que o vimos, desde aquele primeiro chamamento ondulado que desabou a nossos pés, imperceptível para tantos outros...
Quando o sentimos, voámos para outra realidade em que os sentimentos se tornaram água e a felicidade tomou a forma de uma onda que rebentou com euforia numa praia bem mais segura. Foi naquele dia em que o fitávamos, sentindo-nos quase afogados naquela brisa inquietante, que decidimos elevar ao máximo o nosso desafio, de forma a diminuir todas as nossas fraquezas que ainda hoje tanto nos prendem a um remoinho de pura nostalgia e onde, sem dar por isso, nos afogamos. Afogássemo-nos antes no mar, onde à imensidão azul corresponde uma imensidão de calma, de paz de espírito, mas também de conquista. Isto porque o mar é o limite de todos os nossos sonhos azuis, é aquela mística fronteira que, desde o tal início, nos afasta de todos os outros, mas que nos aproxima dos nosso desejos e que nos torna maiores aos nossos próprios olhos. Bendita seja toda essa distância!
Sempre foi o mar que olhámos, talvez até por não ter mais para onde olhar. Assim, porque não seguirmos o sopro salgado que desde sempre nos agitou, até naqueles intermináveis dias de calmaria? Por muito longe que esteja agora toda aquela força de outrora, continua nas nossas almas a inspiração salgada que nos tempera as ideias e as emoções, desde o longínquo tempo em que tudo começou...
RM 2005
2 comentários:
Pois... "afogássemo-nos antes no mar", como o Jacques Mayol, que o labirinto da saudade nunca nos fez muito bem...
(este texto deu-me vontade de rever o "Vertigem Azul", do Luc Besson).
Boa, Pek! Já fazias falta!
Nos somos praticamente feitos de água talvez venha dai a essência!!!
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