segunda-feira, 8 de junho de 2009

crónica eleitoral, com prancha e burrinho

Em dia de eleições para o Parlamento Europeu, a afluência às urnas no Bar da Praia decorreu intensa durante todo o domingo, com os eleitores a terem direito a café grátis, bola de berlim com creme e palito para chiscar os dentes, além de uma senha numerada referente ao sorteio de um fantástico longboard em madeira de balsa e um burro ferrelejo para o transportar (na foto, o feliz contemplado).
A manhã foi aproveitada pelos principais concorrentes para exercerem perante os vários meios de comunicação presentes no local o seu direito de voto.

Fim das prioridades
O primeiro a tomar parte no acto solene foi o doutor Alexandre Catela, cabeça de lista pelo PSD (Partido dos Surfistas Dropinadores), que confessou à redacção do Cantinho da Onda a sua esperança num resultado vitorioso: «Estou confiante no triunfo do meu Partido. Com a minha eleição, procurarei legitimar todos os dropinadores deste país, terminando com essa velha invenção do radicalismo de esquerda que é a lei da prioridade única. Não podemos permitir a autocracia da onda e continuar a assistir a essa sem-vergonhice que é a exclusão do próximo! Viva o drop conjunto! (comigo à frente, claro...)».

Cápsulas milagrosas
Logo de seguida, foi a vez do líder do PS (Partido do Surf), engenheiro Nuno Saraiva. Debaixo duma autêntica chuva de flashes e microfones, o candidato não teve dúvidas em afirmar: «Estou convicto quanto à vitória do Partido do Surf, que é o verdadeiro partido de todos os surfistas. Com a minha eleição, está garantida a democratização deste desporto, com a compra, à Bayer, das cápsulas de fazer surfistas em apenas um dia, evitando o dispêndio de tempo e dinheiro nas escolas da modalidade e proporcionando aos bodyboarders o ambicionado salto evolucional. Por outro lado, garantirei o aumento da idade da reforma da classe surfista para os noventa anos! Uma medida que visa premiar todos os que remam alegremente contra a preguiça!».

Esquerda contemplativa
Quem veio lançar alguma crispação entre os presentes foi o antigo surfista e pescador de baleias Alberto Carvalho. O candidato pelo BE (Bloco das Esquerdas), fez questão em reiterar a medida preservacionista que é bandeira da sua campanha e que tem gerado alguma controvérsia entre os mais directos adversários: «O meu principal objectivo é devolver ao povo uma esquerda de excelência. Por isso, vou restringir o acesso ao pico do Lagide a surfistas locais. Para os bifes e outros visitantes, construirei um genuflexório em frente ao spot para que possam todos contemplá-lo sem o destruir. Esta medida proporcionará a todos os “goofies” a oportunidade de se inspirarem numa esquerda exemplar para, depois, irem brincar nas esquerdinhas dos seus quintais.»

Renovação da rede viária
Estas delcarações incendiariam as hostes mais à direita, levando mesmo o líder do CDS-PP (Centro das Direitas Secretas - Península de Peniche), brigadeiro Sérgio “Isca” Ramalho, a sugerir que «Não há razão para se querer proteger as esquerdas deixando as direitas numa situação claramente discriminatória. Sabemos bem que o senhor Alberto Carvalho visa com essa medida a privatização de um espaço onde poucos, além do seu próprio filho, terão oportunidade de se expressar. Pessoalmente, estou mais preocupado com a renovação da rede viária, nomeadamente com a construção, sobre a superfície dunar, de um trilho especial para circulação em moto4, entre Peniche e o Baleal, que na’ ‘tou pa’ andar a estrafegar nas filas de trânsito, em Julho e Agosto, o Ferrarizinho que o mê pai me deu », disse, já à saída, enquanto cuspia a pastilha elástica e procurava nas algibeiras dos calções a chave do bólide.

Autoclismo e camaleões
Mas o ponto alto deste acto eleitoral ocorreria já ao final da manhã, quando deu entrada no Bar da Praia, sob uma forte ovação, a conhecida ecologista e pioneira do surf em Portugal Teresa Ayala “Té”, cabeça de lista da CDU (Coligação Democrática do Universo): «Estou em condições de vos assegurar a instalação de um autoclismo gigante na ribeira do Molhe Leste e a limpeza diária das praias por políticos, militares e outros desocupados», começou por dizer, enquanto chiscava com o palito de oferta os dentes brilhantes. «No Bar da Praia, será instalada uma família de camaleões para apanhar as moscas que aterram nos bolos das pessoas depois de pousarem no cocó dos cães», acrescentou, rematando, em seguida, com o seu típico sentido prático: «Quem não gostar que se aguente que eu também tenho que me aguentar quando vou à casa de banho e ela está ocupada».

1 comentário:

Sérgio "Isca" Ramalho disse...

Viva ás esquerdas, viva ás direitas, viva o CANTINHO!!!