quarta-feira, 3 de junho de 2009

lawrence da arábia

A primeira vez que experimentei na praia um colchão insuflado, o mar resolveu brincar comigo aos náufragos e o mimo do meu pai foi um par de galhetas, para não me armar à Robinson Crusoé.
Durante uns tempos, só tive direito a enfiar na água os tornozelos.
Mas fiquei a ruminar que ele deveria era ter estado lá para segurar o colchão quando veio a corrente, em vez de ter ficado na areia a fazer não sei o quê, para depois me sacudir as moscas quando a coisa não correu bem.
Hoje, quando vou com o meu filho de quatro anos para dentro de água com uma prancha de surf, lembro-me sempre desse episódio e faço questão de estar presente a cem por cento, para lhe inspirar confiança.
Ele, ao invés, prefere que o pai não perca tempo com ensinamentos e fique por ali, de braços cruzados, a constatar a sua precoce autosuficiência.
Foi o que tivemos no último domingo. Enquanto a amiga Ó-i-ó-ai se deixava guiar, ele lá teimou em dispensar a minha ajuda para se embrulhar numa espuminha e depois fugir, zangado com o surf.
Eu lá acordei que se, em vez brincar ao Kelly Slater, queria o tractor, era o tractor que teria, que esse, ao menos, não era preciso ensinarem-lhe a brincar com ele.
E já esquecido do Kelly Slater mostrou os seus dotes de Lawrence da Arábia, metendo um amigo a trabalhar para ele sem grandes ondas: «Ó David, faz-me aí uma garagem para o meu tractor, uma casa grande para eu morar, outra para o Pompeu, uma piscina grande e duas pequenas!».

3 comentários:

Sérgio "Isca" Ramalho disse...

Novo dia da criança...

Oli disse...

È pà o marroquino não perde um episódio do Bob!!!!
Vê o afinco com que te faz na areia o projecto para a casa na falésia sobre o reef artificial......

David Caetano disse...

Eh! Eh! Eh! Não há nada como uma boa desculpa para brincar à vontade na praia, com brinquedos e tudo!!!!!!!!!! :-)))