quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Faz lá destas ó Taj!
back to the future (quem foi que se meteu na história das tatuagens?)
- Não há tatuadores, lá no futuro?
- Há, sim. Mas, antes de sacrificar o meu pé delicado, decidi regressar aos anos cinquenta, para ver como tudo começou.
- ...Muito bem! Mas olhe, Miss Martel, não há nada de especial nisto. Começou tudo com meia dúzia de malucos, como sempre!...
- Soube que o senhor Carpenter foi o primeiro a tatuar uma mulher!...
- Fui, não: sou! Precisamente esta mulher que aqui está! Agora! Neste momento!
- Uau! Lá, em Portugal, nessa altura, uma mulher tatuada seria um escândalo!
- Onde é Portugal?
- Deixe, senhor Carpenter. Talvez um dia fique a saber, se ainda estiver vivo em '74, ou se, por acaso, tiver de tatuar um mapa no trícipe dum emigrante saudoso...
- É lá para as Espanhas, não é?
- Meu Deus...
- Olhe, Miss Martel, eu é mais geografia anatómica! Se quiser, posso transformar-lhe o umbigo num belo cu de macaco! Sempre fica com um cheirinho a África!...
- Que disparate!!!
- Olhe que os anos cinquenta são muito à frente!
- ‘Tou a ver!... Até as senhoras com blusinhas do género “Uma Casa na Pradaria” vêem sacrificar os seus níveos braços com desenhos que parecem o símbolo do Sport Lisboa e Benfica!
- What?
- Forget it, mister Carpenter. Obrigada pelo macaco, mas vou regressar a 2009, onde a história felizmente é outra.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
feliz natal!
domingo, 13 de dezembro de 2009
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
apêndice
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
happy birthday!
Estou certo que me entendem.
E para exprimir a razão de ser do Cantinho da Onda resolvi compor a imagem ao lado, que presta homenagem a todas as pessoas que, duma forma ou doutra, por aqui têem passado e sem as quais este espaço não faria sentido. Mas, para que ele continue a fazer sentido, é preciso que não lhe faltem as pessoas...
Vale a pena pensar nisso!
A todos vós, aquele abraço!
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
sacanas sem lei
Só variaram no último dia, depois da derradeira batalha no meio das ondas lhes ter levado o que lhes restava de energia e tê-los feito sentirem-se aptos a devorarem uma centena de javalis, como o Obelix. Mas contentaram-se com um parente do Bugs Bunny, assassinado a sangue frio num amigável tasco alemão à beira da estrada. Enquanto posavam para o passarinho e iam soltando umas graçolas e umas bombinhas de mau cheiro, já o desgraçado do animal esticava o pernil, para os esperar numa improvável travessa de loiça de Sacavém, cortado aos bocados. À Tarantino.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
a alforreca badameca
Durante o dia, a alforreca Badameca passava o tempo a comer camarões. Como isso lhe parecia muito monótono, perguntou às outras:
- Porque é que passamos o dia inteiro a comer camarões?
Nenhuma alforreca quis responder à Badameca.
- PORQUE É QUE PASSAMOS O DIA INTEIRO A COMER CAMARÕÕÕÕÕES? – insistiu.
A rainha das cubomedusas estendeu os tentáculos, que eram grandes como pernas de girafa e dirigiu-se com a sua enorme cabeça de sino em direcção à Badameca:
- Qual é o problema com os camarões?!...
A alforreca Badameca não se deixou intimidar:
- Podíamos variar – disse ela, intrépida, enquanto arrotava repetidamente aos camarões. – É cá uma falta de criatividade!
- És a primeira a queixar-se! Uma alforreca não foi feita para se queixar, mas sim para os outros se queixarem dela, como os banhistas do domingo passado! Aqui, é assim: ou comes camarão, ou comes camarão! Se não comeres camarão, enfraquecerás por não comeres camarão; perderão forças as tuas células urticantes e serás a primeira a cair nos dentes das tartarugas ou a ser regada com vinagre por um ser humano! Portanto: ou comes camarão, ou comes camarão!
- Fascista! Não comerei camarão!
- Comunista! Já não és uma das nossas! Podes fazer as malas e põe-te a andar! Sua badameca!
- BADAMEEEEEEECA!!! – repetiu, em coro, toda a colónia.
Foi nesse dia que a alforreca Badameca, por querer ser diferente das outras, passou a chamar-se Badameca.
Com muito orgulho.
Para o meu filho João
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
o pacto
É desse programa que transcrevemos o excerto seguinte:
- Desculpe dizer-lhe, meu caro Slater, mas achei divina a mordidela que lhe deu o fedelho do Owen Wright. Esse cão danado fez de si um viralatas. Diga lá outra vez: “caím”, tal como disse no final do heat. Vá, diga!
- Um de nós teria de sacrificar-se...
- Mas não daquela maneira obscena, por menos de um ponto!
- Senhor Saramago: para o caso de não saber, devo informá-lo de que venci nove títulos mundiais. Já ganhei tudo o que havia para ganhar!
- Pois. Ganhou. Pretérito Perfeito. O Eusébio também ganhou tudo e, hoje, está na prateleira, de onde só sai para ir almoçar à Tia Matilde.
- Quem é o Eusébio?
- ...! Esqueça. É só uma lontra do Oceanário...
- Ouça, senhor Saramago: sabe o que é um 360? Um aerial? Um off-the-lip?
- Farto-me de executar essas manobras nos meus livros!
- Pois... Ouvi dizer que faz umas ondas... na água benta!...
- ... Sabe, Kelly, você é a prova de que Deus não existe. Se ele existisse não ia querer rivalizar consigo e já o teria sacrificado há muito mais tempo.
- Co’ a breca! O senhor é mesmo um ferrabrás!
- O que vale é que já não há fogueiras em São Domingos!...
- Quem?
- Oiça lá, você acaba de lançar a sua biografia, que lhe deve ter dado uma trabalheira dos diabos, e não sabe o que é a Inquisição?!
- Gosto mais é de ondas!...
- Ondas, não é? E, ao domingo, vai a Fátima pedir ondinhas para si e para os amigos, não é? E compra uma vela e espera que ela arda enquanto chupa um rebuçadinho cor-de-laranja com sabor a silicone!...
- Deixe-se disso. A minha religião é o surf!
- Pois, e você é o deus supremo e grama à brava ter os devotos e as devotas atrás de si a armarem-lhe o andaime. Mas olhe que os fiéis são como as moscas. Agora, cheira-lhes a Faneca.
- Fanning, senhor Saramago, Fanning!...
- ... Ou lá o que seja... O que é certo é que esse diabo não se deslocou a Portugal para viver uma espécie de sétimo dia, a espreguiçar-se e a jogar golf, como você fez, esperando que na hora do juízo final o viesse salvar a divina providência!
- Senhor Saramago: não caia na tentação de menorizar o meu prestígio, que é intocável!
- A adoração que lhe votam, meu caro Slater, é como os namoros de adolescência: amanhã vem outro.
- Que venha. Agora, interessa-me é celebrizar a minha biografia. Há-de vender mais que o seu “Caim”!
- Lá nisso acredito! O meu Piruças também mastiga mais depressa uma salsicha do que um osso de elefante.
No dia seguinte, José Saramago voou para o Havai na companhia de Kelly Slater. O americano ensiná-lo-ia a fazer surf, a troco de o Nobel ser o autor da sua próxima biografia.
- Ó Zé, achas que o people gostou do nosso frente-a-frente? Será que ajudou na promoção dos livros?
- Claro, Kelinho! Não há melhor publicidade que a negativa. Mas devias ter-me chamado nomes mais feios! “Ferrabrás” foi muito macio! Devias ter-me ofendido! E, se calhar, eu devia ter queimado a tua biografia em frente às câmeras ou cuspir-lhe em cima...
- Achas?
- Acho. Mas, agora, também já não interessa, porque o próximo livro sobre a tua vida vou ser eu a escrevê-lo, que é o bastante para fazer dele uma bíblia. Vá, empurra aí, que vem lá a espuminha!
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
esperança do oeste
Um cenário que o surfista português aproveitou da melhor maneira para se evidenciar perante as objectivas dos fotógrafos oficiais da prova, que não tiveram mãos a medir enquanto o atleta desaparecia espectacularmente nos tubos mais cavernosos de que há memória em Peniche.
No fim da sessão, veio a notícia inesperada da decisão dos organizadores do evento em incluírem Nunes na lista oficial de competidores, aumentando assim a participação portuguesa no certame, onde já pontificavam Tiago Pires, Justin Mujica e David Luís, entretanto afastados no decurso da primeira ronda.
As esperanças lusas voltam-se agora para o surfista ferrelejo, conhecido no meio por Trinitá, e que afirmou, polémico, em declarações exclusivas ao Cantinho da Onda: «Já se foram o Pires e o Mujica, mas ‘tou cá eu! Podem vir os Kellys todos de uma assentada que eu trato-lhes da saúde! Só espero é que não venham outra vez com a tanga da caganeira!...».
Foto: João Rosado
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
o marinheiro
Também lá fomos, em caravana, numa incursão de todo-o-terreno, no final da tarde de sábado, para desfazermos o que ia sobrando em frente às escarpas cor-de-laranja, para lá dos Belgas.
Foi nessa precisa ocasião que se juntou a nós um novo amigo, com a sua enorme barcaça amarela, mais pesada que um petroleiro, e o remo da praxe. Uma logística supostamente inadequada a quem se alimenta à base de legumes, sobretudo com terrenos declivados para vencer, entre a porta do automóvel e a da praia.
Mas o artista não se queixou. Apesar de, mais tarde, nos ter vindo a confessar que não comia carne (por razões que só ele sabe), fez descer e subir airosamente pela falésia o couraçado – nada que espantasse, pois também ele parecia um Popeye acabadinho de comer espinafres, capaz de dar umas chapadas num qualquer Brutus que o dropinasse.
Lá em baixo, mesmo sem ondas de encher o olho, mostrou que, para ele, o paddle surfing não tinha segredos. Lá soubemos, entre as bifanas do jantar e o pão de canela feito por ele (talvez o domínio da pá de padeiro lhe tenha aguçado o jeito para o remo), que o nosso amigo era aveirense.
Mal nos viu, pela manhã do dia seguinte, saiu-lhe de pronto, num tom simpático, como se já nos conhecesse desde o tempo dos candeeiros a gás: “Então, hoje, onde é que é?”
Daí a instantes, acompanhava-nos. Nós a butes, pela orla da baía, e ele a remo, que eram óbvias as vantagens de ser o “barco” a transportá-lo, em vez do oposto.
Fomos morrer num pico lustroso, onde não morava mais ninguém. Lá rolámos, à vez, numas marrecas de meio metrinho, até que viessem anestesiá-las o backwash e a maré cheia.
“Quem era o gajo da prancha amarela?”, perguntar-me-ia, posteriormente, o paparazzo João Rosado. E compreendia-se a interrogação, pois no rol de fotografias que tirou à socapa e me forneceu para pôr no blogue, lá estava o dito marinheiro omnipresente!
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
domingo, 18 de outubro de 2009
old friends
Ainda bem que apenas restou um arranhãozito e umas dorzitas que mais pareciam um acto de solariedade para com o Pompeu.
As melhoras amigos...
Foto: Carrapateira, 05/10/09
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
heróis do mar
- É preciso ter lata!... Já viste este anúncio? oferecem uma recompensa de 20 mil euros a quem nos encontrar, vivos ou mortos.
- ‘Tá descansado. Aqui ninguém nos vai descobrir. E como isto é um bocadinho isolado, se aparecer alguém vai pensar que somos o Joaquim Bastinhas e o Buffalo Bill, à procura de privacidade na Costa Alentejana.
- A verdade é que, a partir de agora, somos proscritos na nossa própria terra!
- Já estava na hora de alguém arrumar com os castelhanos! Que vão invadir o raio que os parta!
- Tens razão! Pelo menos, aqui, já não metem os cotos. Gastei as munições todas e encravei a minha carabina nova, mas fartei-me de gozar a vê-los dançar o bolero à medida que saíam da água com as pranchas furadas e desapareciam a voar pelas dunas!...
- Pois, só foi pena teres cometido a imprudência de te embeiçares pela sevilhana de carrapito. Podia ter-te custado a vida!...
- Se estivesses no meu lugar e a visses chegar, bamboleante, com uma perna maliciosa a sair-lhe da saia... queria ver se não te caía a espingarda, quer dizer, a bandarilha...
- Cala-te! Se não fosse eu a topar-lhe o punhal escondido no leque e a surpreendê-la com uma pega de cernelha, já cá não estavas!... E ainda me espetou uma unhada, a cabra, enquanto tu te babavas todo a olhar-lhe para as ligas!
- Querias o quê? Que gritasse uns olés enquanto tentavas dominá-la? E que no fim te fizesse uma vénia e te lançasse flores?
- Não. Mas é preciso que fique bem claro: a retirada dos castelhanos também se deve cá ao Pakito!
- ...E à Brites de Almeida!...
- Por falar nisso, onde é que ela se meteu?
2. "Tomatina" à buñolesa
- Qu’é isto, pá? Sete castelhanos enfiados na minha Opel Combo?
- No, por fabor, somos hermanos tuios, no nos molestes!
- Quais hermanos, qual quê! A minha carrinha não é nenhum albergue! Toca a saltar cá para fora, senão esfanico-os todos à pazada, ou eu não me chame Brites de Almeida!
- Brites? La Padera de Aljubarrota?
- Reencarnada!
- Dios! Eres tu quien estaba praticando padlle surfing e batendo con tu pa en nuestras pobres cabezas?
- Tudo quanto é bife leva com a pá na cabeça, principalmente espanhóis, que isto não é Castela! Toca a mexer e Badajoz à vista! Se não saltam imediatamente daí, vão ver o que é dançar ao som duma pá o passo doble!
- No, por fabor, solamente nos habemos quedado por aqui un instantito porque hay un gringo endiabrado disparando su rifle contra nosotros! E hay también un torero muy peligroso que molesta nuestras mujeres!
- Não te ponhas a dizer mal dos meus amigos com essa carinha de visigodo, que apanhas já uma trolitada! Dou-vos cinco segundos para se pôrem a mexer daqui para fora, senão vou ter de ensaiar com a pá uma "tomatina" à buñolesa!...
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
somewhere in time
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Hora de ponta na cidade de Ferrel
Na passada quarta feira, eu (Raquel) e Emanuel deslocávamo-nos na viatura Major no sentido Bar da Praia – Almagreira. Era hora de ponta, cerca das 19h, e estávamos com alguma pressa para apanharmos umas ondas antes que o sol se pusesse.
Na povoação de Ferrel, tivemos necessidade de voltar à direita numa estrada de terra batida. Ao nos aperceberemos que dessa estrada vinha uma carroça puxada a um animal característico daquela povoação, rapidamente imobilizámos a nossa viatura, dando prioridade ao asno.
Ora, o dito, teimoso como ele só, não respeitando o sinal de STOP que se apresentava na sua faixa de rodagem, deu em fazer um arranque a toda a velocidade de tal maneira que o condutor da carroça, um senhor de idade que se fazia acompanhar pela sua esposa, perdeu o controlo da sua viatura.
O burro (que não tem outro nome) fez uma tangente à frente esquerda da carrinha Major mas como acima referido, era pouco esperto, não deu o desconto do volume da carroça que transportava vindo esta colidir no nosso veículo. Com o embate, o condutor da carroça saiu disparado num voo picado, passando para a frente do burro e dando ainda um rebolão no chão. A velhota ficou imobilizada em cima da carroça. Eu fiquei sem saber se havia de ir ajudar os velhotes ou tirar umas fotos para pôr no blogue do cantinho. O Emanuel, qual Super-Homem, saiu rapidamente em socorro das vítimas. Felizmente ninguém se magoou. Só o senhor voador ficou um pouco dorido no corpo.
Ficámos todos sem saber como reagir e o que dizer, mas o Emanuel quebrou o silêncio virando-se para o homem e proferindo uma sábia frase com o sotaque que lhe é característico: “O senhor caiu como gente grande, hein?”
Depois de tudo resolvido prosseguimos ainda com mais pressa, pedindo ao sol que não se fosse embora. Mas 100m à frente fomos interceptados por um congestionamento típico das grandes cidades. Desta vez era um pastor com o seu numeroso rebanho de cabras que entupia a estrada. Fomos forçados a parar mais uma vez e esperar que as cabras passassem.
Depois de tudo isto e de, mais à frente, nos enganarmos no caminho, lá chegámos ao spot. Entrámos à pressa e ficámos dentro de água até ser noite.
:)
peniche, capital da onda
"Gente de Peniche: se a Ericeira tem uma rotunda com um surfista num tubo, Peniche passa agora a ter uma rotunda com o nosso herói, the Pinky-Surfer! Aqui, em frente à Nossa Senhora da Boa Viagem, temos agora esta estátua para que todos os malfeitores dos bifes se lembrem que o cantinho da baía é 'locals-only' e que, quando menos esperarem, levam um dropino cor-de-rosa, de olhos vendados e ao pé coxinho! Se Peniche é a Capital da Onda, então este herói é que devia ser presidente!!"
Aqui fica, então, a imagem desta nova obra pública:
P.S.- A máscara serve para ocultar a identidade do misterioso herói, para que os bifes não se vinguem dele quando, em horário pós-laboral, bebe umas jolas com os amigos no Bar da Praia.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
the dark surfer
domingo, 27 de setembro de 2009
the pink surfer
Olá! Eu sou a pantera cor-de-rosa. E este, aqui, é o Pink Surfer – o que desce as ondas de olhos vendados e ao pé coxinho; o que nunca cai e, para espanto geral, tem, como Cristo, a faculdade sobrehumana de caminhar sobre a água. Foi no distante planeta Pinky que o nosso herói veio ao Mundo, isto é, ao Cosmos, fruto da união entre uma pedra cor-de-rosa e um sabonete Lux.
Pinky era, então, um astro em perigo, ameaçado por excesso de raios gama. Antes que explodisse, os pais compraram-lhe uma viagem intergaláctica e despediram-se dele:
- Vai, “Pinkinho”! Escolhe um espaço do universo onde possas crescer e ter uma vida cor-de-rosa!
2. A prenda
Uns tempos depois, as televisões do mundo inteiro difundiam a notícia de última hora sobre a descoberta de um bebé que dera à costa portuguesa no interior duma cápsula.
Descobri-la-ia certa viúva dum pescador, que prontamente se comprometeu com a assistente social a fazer dele uma criatura ufana.
Quando fez 20 anos, o pequeno alien recebeu das mãos da dona Maria uma prancha de surf. Não que Maria gostasse de surf ou soubesse muito bem o que isso era, mas foi a forma que encontrou para que ele ficasse junto à costa e não o perdesse no alto mar, como ao defunto.
Nessa tarde, rumou à praia. Mas, por mais que tentasse, o rapazinho não conseguia firmar os pés naquele objecto relutante, que o cuspia insistentemente, como a um tremoço.
3. A estrela
À noite, no quarto, despertá-lo-ia do sono profundo uma ofuscante luz cor-de rosa, que, pairando sobre ele como um pequeno papagaio voador, fez ecoar as seguintes palavras:
- Não tenhas medo! Eu sou um velho sabonete Lux transformado em estrela.
- E o que queres de mim?
- Venho revelar-te a tua missão. É preciso que saibas: tu não és deste planeta e os teus pais não são humanos.
- O quê?! Vais-me dizer que sou filho dum sabonete Lux, não?!
- Nem mais! E a tua mãe era uma pedra cor-de-rosa...
- Era? E já não é?
- Perdeu-se na grande explosão de Pinky, o extinto planeta onde nasceste.
- E como é que eu vim parar aqui?
- Os teus pais enviaram-te numa cápsula cósmica de salvação.
- E eles? Por que não vieram também?
- Só havia duas cápsulas.
- Quem veio na outra?
4. Epílogo
À pergunta “quem veio na outra?” seguiu-se um silêncio comprometedor e a estrela sorriu-lhe, mordendo um lábio malicioso. Ele insistiu:
- Quem veio na outra?
- Não posso revelá-lo. Só posso dizer-te que a tua missão no Planeta Terra é viajares a vida inteira numa cama-automóvel e andares nas ondas de olhos vendados e ao pé coxinho!
- Ao pé coxinho?! De olhos vendados?! Ah, ah, ah, ah, ah! Ainda ontem experimentei com ambos os pés e com os dois olhos bem abertos e só dei tralhos!
- Terás de pintar de cor-de-rosa a tua prancha. Esse é o segredo!
- E a cama-automóvel? Onde a encontro?
- Dirige-te com a prancha debaixo do braço ao parque de estacionamento do Cantinho. Posiciona-te virado para Norte, junto a uma velha carrinha Mercerdes de cor branca e fecha os olhos. Nesse momento, profere três vezes: “PINKY PEK!”. Quando te voltares, terás finalmente a tua fantástica cama-automóvel para as surftrips e saberás quem veio de Pinky na outra cápsula.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
"strawberrymania" de volta
Rodado na Praia Fluvial do Trancão, «estes “Morangos” têem tudo para se reafirmarem como fenómeno nacional», declarou ontem, ao Cantinho da Onda, o produtor britânico Mark Balls, responsável pela série.
Questionado sobre a fórmula de sucesso que catapultou o formato para níveis de audiência nunca antes verificados, Mark refere que «é só filmar uns quantos biquinis e meter os rapazes de Sacavém à berlaitada com a “betaria” que vem de Cascais, na tentativa de lhes roubar as ondas autoclísmicas e as namoradas».
Ao velho jeito folhetinesco do romancista Júlio Dinis, mas jovialmente cheio de pimenta, tipo “Os Peitos da Cabritinha”, o argumento da nova saga «foi feito para prender ao ecrã os telespectadores desde o primeiro ao último episódio», afirma Mark, que faz questão de salientar a qualidade da banda sonora, da autoria do erudito Quim Barreiros.
Mas as surpresas não se ficam por aqui. Agora inspirados na famosa série dos anos oitenta “Fame”, garante Mark que estes “Morangos” «vão pôr a mexer, de Norte a Sul, os rabiosques dos portugueses. Serão comuns, por exemplo, as sessões de “vira”, "fandango" e “corridinho” na muito bem frequentada “Saca’s Night Fever”, a discoteca favorita dos surfistas sacavenenses, verdadeiros “riders” da autoclísmica, também conhecida por Pororoca Portuguesa».
Quanto à história, Mark Balls levanta o véu: «já nos primeiros episódios, iremos ter o misterioso desaparecimento da enfermeira Lilizinha, após o embarque para as Maldivas do envinagrado Caracoletas, por quem suspira. As suspeitas irão recair no robusto Manu, jovem banheiro de quem se diz ser ex-recluso e assassino em série, que passa o tempo entre as manobras de boca-a-boca com as “moranguinhas” do Trancão e o curso de técnico de autoclismos da Universidade Católica».
A não perder!
terça-feira, 15 de setembro de 2009
a salsicha
- Salsichas com massa.
- Dá-me uma salsicha.
- Já comeste a tua ração.
- Pois já. Mas, agora, comia uma salsichita...
- Ai comias? Então, come a que tens entre as pernas.
- Esta é para a Laica.
- Laica?...
- ... Ali de Ferrel. A rafeirita do senhor Virgílio, que tem lá em cima o batatal.
- E a Boneca?! Já não andas com a Boneca?!
- A Boneca é para as voltinhas em Lisboa, no Bairro da Lapa. É como as viaturas, percebes? Tu tens a Skoda para os percursos citadinos e a Ford Transit para as aventuras de praia...
- E então?!...
- Então, eu tenho a Boneca para passear comigo durante a semana no Jardim da Estrela enquanto a empregada apanha os croquetes, os dela e os meus!...
- És um lorde!... E a Laica?
- E a Laica é a miúda dos fins-de-semana, uma todo-o-terreno, que acelera comigo à beira-mar atrás das gaivotas e me leva depois para os canaviais, onde desenterra o seu melhor osso para o comer comigo à luz da lua!...
- Que romântico!...
- Pois... E, hoje, vou encontrar-me com ela no batatal do senhor Virgílio para caçarmos umas ratazanas... Queres que te traga uma para a comeres com a massa, já mastigada e tudo?
- Cala-te Kaos! Toma lá a porcaria da salsicha!...
sábado, 12 de setembro de 2009
stop global warming
Vocês sabem que sou dada a estas coisas, por isso algum dia tinha que chegar um texto mais a dar pró verde...
Já lá vão uns bons anos de estudo, horas e horas de aulas a ouvir (vá, quase sempre) os queridos professores, verdadeiros gurus desta temática, sobre o aquecimento global. Explicações mais ou menos científicas (que calariam desde já os que ainda acreditam que é um mito), advertências mais ou menos alarmantes, é um assunto que já tocou os ouvidos de todos e com consequências não tão positivas quanto as da imagem deste post. No entanto, hoje decidi pesquisar: e como é que o aquecimento global afectará o surf?
Tony Butts (apelido engraçado eheh), um inglês oceanógrafo da Universidade de Plymouth, afirma que podemos esperar um aumento da turbulência dos oceanos, furacões cada vez mais fortes e uma morte de corais agravada. Assim, prevê também que deste fenómeno resultem condições potenciais de ondulações maiores e mais consistentes, o que seria positivo para os surfistas se não desencadeasse uma construção desenfreada de pontões e paredões.. os surfspots actuais acabariam então por ser destruídos (ou atolados de areia à boa maneira portuguesa como na Costa da Caparica).
Uma visão mais optimista afirma que o mercado do surf enriqueceria à custa da falência do mercado do snowboard, pois a neve seria cada vez mais escassa. É caso para dizer 'skanvasse fazia-se cáski', mas como não neva vendemos wax...
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
novos rumos
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
a onda silenciosa
A mãe partira em busca de água, desaparecendo na noite seca do Inhambane, onde morriam como dugongos as culturas e os animais.
Bambo pediu à terra quente, em que assentava os pés gretados, que lhe acudisse. Transformando aquela onda na matéria das suas lágrimas. E que crescesse e derramasse sobre os campos e as pessoas o seu clamor; e revestisse dum verde garrido as árvores nuas como ele; e, finalmente, lhe devolvesse, do Lago Kariba, o pai que partira com os irmãos, a morrer à sede, na noite luarenta e dolorosa em que ele nascera.
Apêndice: sob o título “La ola silenciosa” (“African Tsunami”, na difusão anglófona) este cartoon venceu, em 2006, o Ranan Lurie Award, concurso internacional de cartoons promovido pela Associação de Correspondentes das Nações Unidas. O argentino Alfredo Sabat, colaborardor do La Nacion, foi o autor do desenho, com data de 2005 e que lhe valeu um prémio de 10 mil dólares.
A ele, as minhas desculpas por me atrever a desenhar por cima esta pequena história.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
no fear
domingo, 6 de setembro de 2009
nova esperança no surf
Além da enorme remada, ainda o atirou a ondas bem constituídas, que rebentavam sobre a multidão de banhistas. Logo depois, como não poderia deixar de ser, o belo almoço reforçado, em que não faltou o sempre presente feijão frade e a típica melancia.