terça-feira, 30 de março de 2010
aula de surf
- Vais-me fazer uma operação ao cérebro?
- Não sejas estúpido! Vou-te ensinar a deslizar numa onda! Garanto-te que é muito mais divertido do que aturar os Dalton!
- És tão querido, forasteiro! Sempre desejei andar num trenó! Só não percebo uma coisa: onde estão as renas?
- Quais renas?! Não há renas nenhumas! Eu empurro-te e tu pões-te em pé, percebes?
- Não! Normalmente, quando se empurra alguém, a pessoa cai...
- Ouve, Rantanplan: tu vais deitado em cima da prancha; quando vier a onda, eu empurro-te e tu pões-te em pé. Já percebeste?
- Por que razão me falas nesse tom tão arreliado? Ah, já sei! A rena sou eu! E as renas admoestam-se! Mas, olha, não sei se vou ser capaz de puxar este trenó. Tem uns apoios um bocado esquisitos. Parecem barbatanas!...
- Isso não é um trenó, imbecil, é uma prancha de surf! E não são barbatanhas. São quilhas!
- Sim, claro, vê-se bem que o trenó é falso. Tens razão para te aborreceres, forasteiro. Onde o compraste? Nos chineses, não? Se calhar, ainda está na garantia...
- ... Bem, vamos mas é mudar de conversa antes que eu te faça uma amona. Veste este fato, se fazes favor.
- O quê?! É isso que tu fazes aos cães que vêm contigo andar no trenó?!
- "Isso" o quê?!
- Arrancas-lhes a pele, como se fossem coelhos!!! COIOTE! Bem me cheirava que essa mosquinha por cima do queixo era marca de vilão!
- Não digas asneiras, Rantanplan. É a tua primeira aula de surf. E, se não queres ter frio, tens de vestir este fato!
- Não me mostres outra vez esse troféu sanguinário, cobói insolente!
- Cuidado, vem lá uma oooooonnnnnnndaaaa!
- Glgl, glglglg, glglgl...
- Rantamplan! Desmaiaste! Vou-te fazer uma massagem cardio-torácica para te reanimar. Vomita essa água!
- UUAAAAARRRRRCCCCC...
- Estás bem, bicho?
- Hã?! Onde é que eu estou? Quem és tu, Neptuno? Quem me deu este banho mais rápido que a própria sombra?
O iluminado
sábado, 27 de março de 2010
save the planet
http://www.animalssavetheplanet.com/media/swf/design_video.swf?vidNumber=1
sexta-feira, 26 de março de 2010
Um tributo ao Cantinho da Onda
quinta-feira, 25 de março de 2010
friendship
Há males que vêm por bem. Pode dizer-se que este vídeo aconteceu por acidente, já que as imagens foram recolhidas durante uma incursão forçada pela Marginal, ao encontro da carrinha da nossa Raquel, que tinha ficado a dormir (o veículo, não a dona) numa berma a sul do Cabo Carvoeiro, por falta de combustível (uma história que, oportunamente, ela poderá contar-vos).
A tentativa de resgate foi infrutífera, pois a carripana não quis dar sinal de vida, traumatizada talvez pelo frio nocturno e pela angústia da solidão. Por lá havia de permanecer umas horas mais, até que um reboque a viesse salvar do sono profundo, como n’A Bela Adormecida.
A nós (junte-se a Té e o Isca, chofer de serviço), restou-nos voltar para o Baleal e confortar a pesarosa Raquel, que doravante não voltará a fiar-se na ideia de que uma Volkswagen mais velha que ela consome 2 litros aos 100’. Gajas...
quarta-feira, 24 de março de 2010
dia da limpeza voluntária
ben harper do oeste
Mas não.
À pergunta, que pretendia descortinar o tipo de saco ideal para guardar a guitarra que tinha acabado de comprar, respondeu o nosso Ben Harper do Oeste que, sim senhor, viajava muito de... autocaravana!
«Ah, pois, ‘tou a ver, tu és daqueles que trabalhinho ‘tá quieto, queres é violas e vadiagem”.
Isto é o que pode ter pensado o empregado da loja, que tinha cara de pai de filhos e de quem sabe muito bem que todos os músicos que não viajam de avião são criminosos que tocam no metro ou na Feira da Ladra e arrumam uns carros para comprarem estupefacientes.
Por isso mesmo, pôs logo de parte a possibilidade duma coisa cara como o carbono e lá lhe trouxe uma caixinha vagamente almofadada, de meia dúzia de euros, que era mais do que suficiente para a "senhora" poder andar aos tombos na Ford Transit, tipo a fulana dos Ferrero Rocher.
Cuida bem dela, Ambrósio!...
Foto: Liliana
segunda-feira, 22 de março de 2010
quinta-feira, 11 de março de 2010
o naufrágio
Foto - Armando Agostinho
terça-feira, 9 de março de 2010
milagre da salvação
De manhã, antes de sair de Lisboa, ainda pensei se valeria a pena a peregrinação de cem quilómetros até Peniche. A ausência de vento e o santuário da Caparica ali tão perto balancearam-me. Mas a ideia de que a enchente, a meio da tarde, traria bom surf à Capital da Onda acabou por guiar-me, cheio de fé, até ao Cantinho.
Já no local, perdi o tom espirituoso. O vento de sudoeste até começou por indiciar a aparição de qualquer coisa na Prainha ou nos picos seguintes, a caminho da Almagreira, o que não passou de crendice forçada.
Baía, nada. O Cantinho, também, a pecar por pequeno e desordenado.
O tempo a esgotar-se e eu descrente, sem perspectivas de poder comungar, no meu domingo surfisticamente religioso.
Ao fim da tarde, e de muito vai-e-vém numa procura desesperada do que não havia, lá repisei na minha receita redentora: mau é no rio! (ou: não surfes amanhã o que podes surfar hoje, mandamento de que é especialista um amigo missionário, chamado Isca).
A Té e o Pata solidarizaram-se. Houve, ainda, o acto suis generis de quem se cobriu de neoprene para se ir banhar nas mesmas águas, como o messias no Rio Jordão; e até o Rui Lopes, que naquela tarde tinha deixado a bisnaga em casa, resolveu brincar aos realizadores de cinema e comungar connosco naquele milagre da salvação. Em nome do pai, do filho e do espírito santo, amén.
Cliquem para ver o filme:
sexta-feira, 5 de março de 2010
um dia clássico
Como é um carro espaçoso, pude levar comigo o longboard, já a pensar numa escapada até à Linha, no período do almoço.
Não encontrei sinal de vida junto à praia, o que me deixou felicíssimo, pois cada vez que levo o brinquedo fica tudo a olhar, como se avistassem um OVNI.
Dado que estava clássico, fiquei um bocadinho desnorteado, assim a modos que: “Eh pá, não acredito nisto”. Eu a olhar para o mar; o mar a olhar para mim; o Isetta, imóvel, semi confuso com a aquela indecisão dilemática; e a marmita da sopa e a sandes caseira a bradarem de dentro do saco térmico:
- Eh pá, deixa mas é a porcaria do surf, que a água ‘tá fria à brava, e vem mas é curtir o caldo verde e o papo-seco com chouriço, méne!
Então não é que, sem querer, dou comigo enfiado no raio do Isetta a ouvir a M80 e agarrado à marmita! As ondas, ali, a avançarem para mim, a cuspirem-me salmoura em cima, e eu, meio “masoq”, meio cobardolas, a desprezá-las de barriga cheia, enquanto tirava a fotografiazinha ao bacalhau com o carro envolto nele, para pôr no blogue a acompanhar esta história. Eu, naquele vergonhoso papel de menino que não larga o brinquedo, em vez de estar mas era lá dentro a curtir umas. Vocês acreditam nisto?
segunda-feira, 1 de março de 2010
negro por negro...
- Podes crer, Mary, é magnífica esta sensação de surf virtual, através do tempo. Mas não me trates por Dolly, por favor, podem confundir-me com uma ovelha, aqui no futuro.
- Está descansada, amiga, apesar de os surfistas serem actualmente um enorme rebanho, é mais fácil confundirem-te com uma cadela!...
- Meu Deus, Mary, que te leva a dizeres uma coisa dessas?
- ... Só uma tipa embriagada é que viria surfar assim vestida, Dolly. Estamos em 2010!...
- Pois... Então, temos de arranjar uma praia onde sairmos sem que ninguém nos veja.
- Vai ser difícil, Dolly. Aqui no futuro já não há praias selvagens. Há é selvagens nas praias...
- Selvagens por selvagens, mais vale irmos para o Havai!
- É melhor não. Parece que vai haver por lá um tsunami.
- A sério?! Então, vamos até à Pérola do Atlântico, comer umas bananinhas!
- À Madeira?! Nem pensar! É um sítio muito dado a tragédias naturais. Não estaremos em segurança, apesar de um tal de Albert John Garden dizer o contrário!
- ... E Portugal Continental?
- Hmmm... Tem uma face oculta que não me cheira...
- Que tal Espanha?
- ... Pode haver etarras a fazer explodir as praias...
- Bem, Mary, sempre pensei que o futuro fosse um bocadinho mais colorido. Negro por negro, é preferível voltarmos para trás...