quarta-feira, 4 de março de 2009

devo andar metido nos copos :)

HAHAHAHAHA!
Como está no título, devo andar metido nos copos, pois ando aqui com poesia bonita quando até já tinha sido citada :) Por isso, depois de muito suor derramado na pesquisa, em livros, na net, e muitas horas nas bibliotecas municipais, aqui vai :)

O Homem e o Mar
Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.

Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.

Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!

E há séculos mil, séculos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

2 comentários:

Alberto Carvalho disse...

Ó Rui, ninguém conhece os teus fundos abismos;

Um Abraço

Lapas disse...

Ó Cyrano, não enganas ninguém!... É incrível! Um gajo quando está apaixonado faz um mar de coisas! Aposto que até dançaste como um cisne entre as estantes quando foste à biblioteca!... :)

Abração!