Como está no título, devo andar metido nos copos, pois ando aqui com poesia bonita quando até já tinha sido citada :) Por isso, depois de muito suor derramado na pesquisa, em livros, na net, e muitas horas nas bibliotecas municipais, aqui vai :)
O Homem e o Mar
Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.
Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!
E há séculos mil, séculos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
2 comentários:
Ó Rui, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Um Abraço
Ó Cyrano, não enganas ninguém!... É incrível! Um gajo quando está apaixonado faz um mar de coisas! Aposto que até dançaste como um cisne entre as estantes quando foste à biblioteca!... :)
Abração!
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