terça-feira, 7 de setembro de 2010

singularidades

1. Animal eléctrico
Trabalho e conhaque não casam. Desde que começou a andar com softboards e NSPs no tejadilho da Opel Combo, nunca mais ninguém o viu numa jantarada ou noutra espécie de serão social. Foi preciso uma caldeirada à moda antiga, cozinhada no lume brando da camping gaz, e o belo do tinto à mistura, para o trazer de volta à boémia nocturna do Baleal. E cheio de vigor, como um idoso acabado de tomar Viagra! Que o digam as moças que afluíram, numa certa madrugada, ao Bar da Praia. Aí, cegaram com os flashes. O palco era dele. Pulando, como um corcel selvagem, sobre as mesas. Arreganhando compridamente a dentadura branca e relinchando. Quem era o animal eléctrico? E as fotos para que revista?

2. Xano
Talvez se lembrem de Rain Man, o filme de 1988 protagonizado por Dustin Hoffman e Tom Cruise, que desvendou ao mundo os meandros do autismo através duma história singular e cativante. Antes de ver na tela as personagens de Raymond e Charlie Babbitt, eu já as conhecia, na pele do meu grande e velho amigo Miguel Ramos e do seu querido irmão Alexandre (Xano). Trouxe-os, em Agosto, ao Baleal. O incrível Xano acompanharia o sobrinho (André, filho do Miguel) na iniciação ao surf. “Fugir-me-ia” com a bicicleta para conhecer Peniche à sua maneira, como se fosse um autocarro urbano. E deixou rasto. Tal como aconteceu com Raymond no grande ecrã, ninguém conseguiu ficar indiferente à sua inocência desconcertante.

3. Como chocolate
Há uns tempos atrás, trouxe-vos a história de Jaylan Amor, um miúdo australiano que, ainda mal deixara as fraldas, já apanhava umas carreirinhas com uma agilidade espantosa. Numa espécie de versão caseira, o mês de Agosto proporcionou-me o especial prazer de partilhar momentos inesquecíveis com alguns Jaylans do nosso “quintal” (Sebastião, Diogo, João, Tomás). O futuro é uma coisa muito incerta e comprida, e deslizar numa onda uma experiência absolutamente concreta e momentânea. Por isso mesmo, não sabemos ao certo se os nossos miúdos irão, como nós, querer repeti-la pela vida fora. Mas desejamos que não percam, pelo menos, a oportunidade de a terem. E, já agora, que lhes saiba deliciosamente, como chocolate...

4. Até sempre, companheiro!
Já não posso pedir-te a patinha nem atirar-te pelo ar uma bola ou um caroço de maçã; assobiar-te na praia enquanto corres como uma chita atrás da última gaivota da tarde; ver-te à janela do nosso hotel de quatro rodas em pose de aviador; confiar-te na boca missionária o jornal de sábado; sentir nos dedos o teu realístico focinho frio, a pedir festas; dar-te um banho de mangueira no seio do inverno alentejano, depois de te espojares alegremente em bosta de vaca; ver-te, melhor que um camaleão, a caçar moscas; arreliar-te com o colar isabelino e a Betadine nas unhas, por causa dum fungo estranho; ouvir-te ladrar aos besouros e aos pombos; ver-te saltar alegremente à minha volta a cada encontro, mesmo depois da mais breve ausência... Até sempre, companheiro!

4 comentários:

Sérgio "Isca" Ramalho disse...

-Amigo Picas, ainda há pessoal que mete "pastilhas", não conhecem o poder do vinho tinto e 1920...
-Tive o prazer de conhecer o Xano, sim uma pessoa muito peculiar, espero que apareça mais vezes pelo cantinho...
-Pompas no seu melhor...

Sérgio "Isca" Ramalho disse...

-Já esquecia dos putos maravilha,que daqui a uns tempos já nos dropinam...

Lapas disse...

Em relação ao Pompas, tenho de agradecer a toda a família do Cantinho pela solidariedade que, duma forma ou de outra, me têm vindo a manifestar. Obrigado, amigos!

Pikas disse...

Que dizer!
Estou de quarentena, só para o fim de Outubro vou voltar a dar o meu ar....!!!
Mas, adorei estar com o pessoal na caldeirada, a seia com uma boa conversa..... claro a noite sempre a partir!!!
Abraço a todos

Viva ao Pompas!!!!