segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

vento cão

Apesar do frio que assolou o país este fim-de-semana, nem tudo foi mau.
A ausência de vento e o sol de sábado justificaram as quase três horas que passei no mar do nosso Cantinho, com uma ondulação aceitável, a funcionar, inclusivamente, à maré vazia.
Já no domingo, o filme foi outro. Despertei com a carcaça do meu valioso hotel ambulante a pelejar com o vento. As fortes rajadas, junto ao Lagide, pareciam decididas a despejar-me pela encosta abaixo e ao meu velho canídeo, que àquela hora já se mostrava bastante ansioso por devolver à natureza a última ceia.
Ter de voar na furgoneta, seria até um mal menor – antigamente, se descia de eléctrico uma rua de Lisboa, desejava mesmo que lhe faltasse o freio, só para ver como era! – desde que não se aleijasse ninguém...
O meu problema consistia primeiramente na higiene do bicho, que me inquietava com as suas bufas premonitórias...
Se o levo para o meio do vendaval, ainda fico sem ele, pensei. Se espero demais, vai acabar por se borrar todo.
Sempre detestei dilemas, porque tenho tendência para a pior saída.
Mas, ali, estava-se mesmo a ver, a única saída era a porta.
Trela enfiada e vamos nós.
Mal vê a rua, já lhe brota da tripa o mal, que trato de pisar, no meio daquela atrapalhação, querendo fazê-lo descer do estribo sem que se magoe.
Uma vez lá fora, o xixi nem sequer alcança o chão, pois o vento rasteiro projecta-o no ar como uma pistola de rega. E os dois croquetes, acabadinhos de cozinhar, abalam a correr pelo terreno arenoso, como ratos assustadiços.
No pára-brisas da Volksvagen ali ao lado, descubro um jovem casal alemão, de quem só conhecia até ao momento as sapatilhas, que tinham deixado a pernoitar cá fora.
Seguram chávenas, que adivinho com chá quente.
Riem.
Sou a sua televisão.

1 comentário:

Sérgio "Isca" Ramalho disse...

Um dia excelente e um dia de merda foi assin o fim de semana...