quarta-feira, 13 de outubro de 2010

o dia em que me cruzei com o taylor knox

Confesso que nunca fui um adepto indefectível do surf de competição, daqueles que andam atrás dos campeonatos e conhecem tudo: os nomes dos astros, as pranchas que usam, as manobras que fazem, os peidos que dão, etc.
Não é que veja nisso algum mal, mas não troco o tempo que tenho para surfar pelo tempo que me ocupa ver os outros fazê-lo. Por isso mesmo, não assisti, no ano passado, a uma única sessão do “World Tour” em Peniche.
Este ano, porém, logo no dia do primeiro “round”, optei por marcar presença com o meu filho nos Supertubos, para lhe saciar a curiosidade e perceber até que ponto o Tiago Pires era capaz de mobilizar mais facilmente que o Cristiano Ronaldo a atenção duma criança de cinco anos.
Chegámos cedo. Chuva para aqui, chuva para acolá; ondas assim, ondas assado; e fomos dar, a páginas tantas, com um gajo suspeito, de cicatriz no rosto, a ser molestado por um repórter televisivo. Puxei da máquina fotográfica e procurei um buraco entre as cabeças que se apinhavam. Era o americano Taylor Knox (em português, Talher Inox), com o seu terrível rosto duro, pior que o do Rambo ou o dum vilão do faroeste.
“O que é que está a acontecer, pai?”.
Depois de lhe ter respondido que estavam a fazer uma entrevista àquele senhor, e de o miúdo me ter perguntado o que era uma entrevista, e de eu não lhe ter conseguido explicar satisfatoriamente o que uma entrevista era, fomos abancar na praia entre o chapéu de chuva dumas miúdas catitas e um tipo com cara de D. Duarte de Bragança, que tinha consigo um par de binóculos, três filhos e um cão.
Apostei que nenhum deles sabia quem eram, naquele momento, os protagonistas do “man-on-man”. Eu também não. Muito menos o meu pequeno companheiro, coitado, que nem sequer podia distinguir, naquele mar castanho, raiado de espuma e luz solar, um elefante que lá houvesse, quanto mais um homem de quem só sobrava pouco mais do que a cabeça.
Acabou, pois claro, por se entreter a enterrar na areia, com uns pauzinhos, o seu interesse pelo campeonato.
Eu cá armei-me em japonês, apontando a máquina para tudo o que mexia, embora deva penosamente lamentar terem-se-me acabado as pilhas no preciso instante em que me preparava para apanhar a Pimpinha e a Xuxinha e a Martinha a comerem Magnuns à borla dentro da tenda da TMN, que nem lontras; e o pior de tudo foi ter falhado o Yannick Djaló a pedir autógrafos ao Taj Burrow, enquanto a boa da Floribela, ali ao lado, ajeitava, fotográfica, a calça justa de algodão que se lhe enfiava teimosamente pelo cu adentro.

2 comentários:

Carla disse...

À excepção do Kelly Slater, que já tive oportunidade de conhecer pessoalmente, não sou capaz de associar nomes às caras dos famosos que 'invadiram' Peniche...
Mas parabéns, a foto que tiraste deixa muitos paparazzi invejosos!

Sérgio "Isca" Ramalho disse...

Sim, alta foto, altas ondas, e alta chuvada...ehehehehe